quinta-feira, 31 de março de 2011

DOIS TIPOS DE MESTRE



O verdadeiro mestre sabe que as palavras que saem de sua boca são verdadeiras. Ele tem plena confiança no que diz, e por isso, fala com segurança. O discípulo também sabe, porque não encontra meios de refutá-las e destruí-las.

Quando um mestre não tem certeza daquilo que fala, quando ele não sabe se suas palavras são verdadeiras, então ele mantém seus discípulos sob ameaça de punição. E quando um mestre mantém o discípulo ao seu lado pelo medo, isso significa que ele não confia no que diz; ele não sabe o que diz!

Quando o mestre não tem certeza do que diz, quando ele não sabe se o que diz é verdade, então ele fica temeroso, ele sabe que uma vez que o discípulo investigue seu ensinamento, poderá encontrar-se com a mentira. Então ele se protege e diz, "seja um crente, para que investigar? Você não confia em mim?”

O falso mestre é muito ciumento, ele vê na relação do discípulo com ele, a iminência da traição. Isso faz com que ele fique temeroso. Temeroso porque a separação é possível - ele teme isso e quer se proteger de todas as formas para que isso não aconteça. Ele dirá, "seja crente, não busque conhecer a verdade, creia apenas no que digo, não vá a ninguém – acredite somente em mim e esqueça todo o resto”.

Quando o mestre verdadeiro está presente, não importa o que o discípulo faça com suas palavras, não importa para onde o discípulo vá, ele sabe que suas palavras sobreviverão, porque elas são verdadeiras. Então ele confia, dá liberdade, relaxa, e permanece na mais perfeita paz.

Edson Carmo

quarta-feira, 9 de março de 2011

A ALEGRIA E O MOMENTO ALEGRE


Cada pessoa pode alegrar-se por duas vias. Há a alegria, e há o reflexo da alegria. A alegria-reflexo, é aquela que é percebida através de algo que funciona como um espelho. A alegria autentica, é aquela que só pode ser percebida diretamente, ela não é possível por meio de intermediários. Esses são dois níveis diferentes: um é o nível superior, e o outro é o nível inferior.

No nível mais baixo, a alegria é dependente. No nível mais alto, a alegria é independente. No nível mais baixo, o ser goza alegria ao ver seu reflexo no espelho, que nada mais é que seu relacionamento com os outros. No nível mais alto, o ser goza alegria ao estar consigo mesmo. Por esse motivo, no nível inferior a alegria acontece num momento. Mas no nível superior ela é permanente.

Para sentir alegria permanente, temos que encontrar o ser. E como podemos encontrá-lo? Bem, através das outras pessoas, encontramos apenas o seu reflexo. Mas através da auto-inquirição, podemos encontrá-lo e saber como ele é. O ser é pura alegria! Assim, quando a alegria depende dos outros, ela é passageira – porque ninguém pode estar conosco a vida inteira; ninguém fica em frente de um espelho a vida inteira. Quando a alegria é oriunda do encontro direto com o ser, então ela é permanente, porque ele está sempre conosco. Saber disso é apenas uma questão de descoberta, então descubra isso, a alegria será a conseqüência perene.

Edson Carmo

terça-feira, 8 de março de 2011

COMO TOMAR CONSCIÊNCIA DA VISÃO SOBRE AS PESSOAS

Questionador: o que posso fazer para mudar minha visão sobre as pessoas que não suporto?

Edson Carmo: se o jeito, o comportamento, a imagem, a forma, a cor de uma pessoa, são as mesmas características para todos que a vêem, então o que muda na visão de pessoa para pessoa? O que é capaz de mudar a visão que você tem de uma pessoa? Observe comigo e perceba que o que muda a visão sobre uma pessoa é o amor ou a rejeição que se tem por ela.

Se você ama uma pessoa, ela será linda – mesmo não estando dentro do padrão estabelecido pelas convenções da moda. Se você rejeita uma pessoa, então ela será feia para você, mesmo tendo sido eleita miss universo.

Assim, não são os olhos que vêem, mas o amor ou a rejeição que olham através deles. Quem está olhando para essas pessoas que você não suporta? O seu amor ou o seu desprezo?

Questionador: o meu desprezo!

Edson Carmo: Agora você sabe o que fazer?

Questionador: Sim. Eu tenho que amá-las.

Edson Carmo: Exatamente!

Questionador: Mas como amar?

Edson Carmo: Eu vou lhe dizer, escute. Em primeiro lugar, para amar, a mente deve estar ausente, ou se preferir vazia.

Por que as pessoas não conseguem amar?

As pessoas estão impossibilitadas de amar, porque elas estão tentando amar com a mente! Mente é confusão, dilema, memórias, malícias, padrão cultural, medo com base no passado ou no futuro... Como uma pessoa pode amar ocupada com tudo isso?

Em segundo lugar, a Consciência deve estar presente. Consciência é estar inteiramente no presente, onde não há traumas, medos, dúvidas... Essas coisas que impedem o amor.

Questionador: nunca tinham me ensinado assim. Nunca tentei assim.

Edson Carmo: experimente por você mesmo e depois me diga.

terça-feira, 1 de março de 2011

UM MECANISMO DE TRANSFORMAÇÃO

Todos nós, inicialmente, somos matéria prima a ser trabalhada. Porém, a matéria prima não pode evoluir sem os encontros. E existem dois tipos de encontros: o encontro com o artista e, o encontro com o apreciador. O artista é aquele que coloca valor na matéria prima, transformando-a em arte, e, o apreciador, é aquele que reconhece o valor e paga por ela.

Há encontros que são formões necessários para as nossas mudanças; são eles quem determinam as nossas formas; quem causam em nós transformações – esse é o encontro com o artista, com aquele que nos eleva da condição de matéria prima para a condição de obra de arte.

Quem pagaria muito por um tronco de árvore? Quem daria valor a um bloco de rocha?

Uma bela escultura de madeira, antes foi um tronco de árvore. Uma escultura de mármore, antes foi um bloco de rocha. Mas a passagem de um estado para o outro, se deu por meio do atrito, do desbastar, do talhar...

Com esse entendimento, não fuja dos encontros, dos relacionamentos. Uma vida que começa e termina sem transformação, não é vida! Portanto, não deixe que os atritos, os conflitos que surgem nos relacionamentos, sirvam para uma outra coisa que não seja tirar os excessos, as cascas, as arestas... Permita com que eles lhe transforme numa pessoa melhor.

Para surgir uma obra de arte é necessário o encontro e também o atrito – não existe outra forma de surgia a obra de arte e a apreciação.

Edson Carmo